terça-feira, 22 de setembro de 2009

Araujo, Maria Jose (2009) Crianças Ocupadas. Como algumas opçoes erradas estao a prejudicar os nossos filhos. Lisboa: Prime Books

Fará sentido que, na sociedade contemporânea, as crianças trabalhem mais do que as 40 horas que achamos razoáveis para os adultos? Fará sentido prolongar de tal modo as suas ocupações que não lhes deixamos tempo para brincar e descansar? Será que temos o direito de ocupar e condicionar o tempo livre das crianças depois de um dia de Escola?
Além destas perguntas primordiais, às quais se procura responder neste livro, muitas outras se colocam, hoje, aos pais e encarregados de educação, professores e educadores.

O trabalho das crianças é de cinco horas na Escola e depois têm de descansar. Temos nós o direito de ocupar e condicionar o tempo livre das crianças depois de um dia de trabalho na Escola?
O contrário de tempo livre é tempo ocupado? Ou o tempo pode ser ocupado com liberdade e sem liberdade?
São os “trabalhos de casa” excessivos, repetitivos e inúteis? De que estamos nós a falar quando falamos de “trabalhos de casa”?
O problema dos TPC é também uma questão crucial para os pais na forma como encaram o futuro das crianças.
As crianças são pessoas que têm um presente de pleno direito, não são apenas pessoas que vão ter um futuro.
A angústia dos pais para que as crianças trabalhem muito para ser alguém, como se as crianças não fossem já hoje alguém, pode comprometer tanto o seu presente como o seu futuro.
(...) Quando eu era miúdo jogava pião, a macaca... vínhamos todos brincar para a rua e à roda, à gancheta à sameirinha, etc. Eram grupos espontâneos que se constituíam com os conflitos inerentes a isso. A socialização não era problema... Hoje é tudo muito diferente. É importante, às vezes até é doentio, os pais querem os filhos guardados....

Aos jogos de rua opõem-se as brincadeiras vigiadas e, assim, a um tempo votado ao acaso e à proximidade com o outro através do jogo opõe-se um tempo organizado em espaços vigiados.