segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O tempo de brincar e do jogo tem-se tornado um tempo de consumo e de trabalho

consumo é uma actividade colectiva que não afecta especialmente as crianças mas todos nós. Fala-se muito do excesso e da abundância de brinquedos e outros objectos, que as crianças (em determinados contextos), recebem no Natal, mas este assunto é bastante mais profundo e complexo, sobretudo no que respeita ás crianças.

Os brinquedos e os jogos são, seguramente, um dos sectores de maior consumo e assim, são tratados como produtos. As crianças são seduzidas por uma grande máquina de marketing comercial e nesse sentido, os brinquedos tem vindo a ser desvalorizados pelos adultos que os consideram objectos de consumo, fúteis e desnecessários. São apresentados às crianças como objectos com funções específicas, desvalorizando-se a invenção e a fantasia.

Tendo entrado na categoria de objectos de consumo, para as crianças, a par da roupa, do fast-food, etc, comercializados em grandes armazéns de brinquedos, passaram a ser desvalorizados enquanto objectos de interesse cultural. As crianças aliás, são consumidoras mas também promotoras pois participam, quase sempre, nas campanhas de promoção.

Em Portugal, aderimos a este sistema (americano de origem), o que fez com que o brincar e os objectos de brincar (os brinquedos) fossem desvalorizados. Assim, o tempo de brincar e do jogo tem-se tornado um tempo de consumo e de trabalho.

Os pais e encarregados de educação não são consumidores passivos, são actores conscientes. Mas, muitas vezes compram sem saber bem porquê: objectos da moda, os filhos pedem, ou simplesmente porque é Natal.

Maria José Araújo

Exageros de Natal

domingo, 29 de novembro de 2009

O Brincador

Álvaro Magalhães


«Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.
Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.
Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for.
Quando for grande, quero ser um brincador.
Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor.
Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer.
Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador…
A mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: “é assim a vida”. Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.
A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta. Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta. Na minha sepultura, vão escrever: “Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras.»

O Brincador,
Álvaro Magalhães

sábado, 21 de novembro de 2009

Escola a Tempo Inteiro - Uma diversidade de Perspectivas

O Encontro promovido pela Direcção Regional de Educação do Centro tem como objectivo principal proporcionar um amplo debate sobre diversas perspectivas da “Escola a Tempo Inteiro”

Mais do mesmo? Um bom tempo? Aprender mais? Crescer Melhor?...
Reflectir sobre algumas das questões em torno das finalidades e funções da Escola do 1º Ciclo justifica um Encontro entre Especialistas de Educação, Professores do 1º/2ºCiclos, Professores/Técnicos das Actividades de Enriquecimento Curricular, Pais/Encarregados de Educação, representantes dos órgãos da Direcção dos Agrupamentos de Escolas, Autarcas, Técnicos Municipais e Todos os que pretendam reflectir sobre a construção de uma Escola Plena.

inscrições

Programa

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Conferência a propósito dos 20 anos da Convencao dos Direitos da Crianca

20 de Novembro de 2009 na FLUP


16h00-17h00 – Lançamento da obra “Crianças Ocupadas” (de Maria José Araújo)
Comentários ao livro por João Teixeira Lopes


17h00-18h30 - Conferência: "Direito a falar... com o dedo no ar"
Maria José Araújo
João Teixeira Lopes

Local : Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Anfiteatro 1)
Via Panorâmica, s/n, 4150-564 Porto
www.letras.up.pt

Organização: Instituto de Sociologia

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Furar o Cerco

Furar o Cerco
Como convencer os adultos que brincar é importante


Palavras e desenhos : Crianças da Escola EB1 JI do Cerco do Porto

Brincar não tem um tempo, é quando se quer. Rita
Brincar é comunicar e encontrar amigos Rui
Eu gosto de brincar com o meu pensamento André
Direito a explicar quando não nos compreendem João
Direito a falar ... com o dedo no ar André
Direito a ser ouvido Clara

Não ter de comer não é justo
É bater ou apanhar que é proibido? Cátia

Sonhar não precisa de ser direito pois não? Nós estamos sempre a sonhar...! Ana

Estas são apenas algumas das palavras que fazem parte deste livro organizado a propósito dos 20 anos da "Declaração Universal dos Direitos da Criança"

Texto de Maria José Araújo - Ilustração: Catarina Mendes
Colaboração : Beatriz Gonçalves, Bruno Rodrigues e Pedro Mota,Vitor Martins e Vitalia S.
Novembro 2009 No prelo

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Araujo, Maria Jose (2009) Crianças Ocupadas. Como algumas opçoes erradas estao a prejudicar os nossos filhos. Lisboa: Prime Books

Fará sentido que, na sociedade contemporânea, as crianças trabalhem mais do que as 40 horas que achamos razoáveis para os adultos? Fará sentido prolongar de tal modo as suas ocupações que não lhes deixamos tempo para brincar e descansar? Será que temos o direito de ocupar e condicionar o tempo livre das crianças depois de um dia de Escola?
Além destas perguntas primordiais, às quais se procura responder neste livro, muitas outras se colocam, hoje, aos pais e encarregados de educação, professores e educadores.

O trabalho das crianças é de cinco horas na Escola e depois têm de descansar. Temos nós o direito de ocupar e condicionar o tempo livre das crianças depois de um dia de trabalho na Escola?
O contrário de tempo livre é tempo ocupado? Ou o tempo pode ser ocupado com liberdade e sem liberdade?
São os “trabalhos de casa” excessivos, repetitivos e inúteis? De que estamos nós a falar quando falamos de “trabalhos de casa”?
O problema dos TPC é também uma questão crucial para os pais na forma como encaram o futuro das crianças.
As crianças são pessoas que têm um presente de pleno direito, não são apenas pessoas que vão ter um futuro.
A angústia dos pais para que as crianças trabalhem muito para ser alguém, como se as crianças não fossem já hoje alguém, pode comprometer tanto o seu presente como o seu futuro.

domingo, 31 de maio de 2009



No dia Mundial da Criança vale a pena lembrar que é urgente brincar e sonhar.

1 de Junho dia mundial da criança



É absolutamente necessário e urgente reabilitar o brincar e sobretudo o brincar com os outros, os amigos.

sábado, 23 de maio de 2009

Dia Mundia do Brincar em Uberlândia

Dia Mundial do Brincar em Uberlândia
O Dia Mundial do Brincar vai ser comemorado no SESI Roosevelt, ligado à Fiemg Regional Vale do Paranaíba, nesta sexta-feira, 22, em uma parceria com o IAT e com a Escola de Canto Moraes e Moraes. O Dia Mundial do Brincar não possui um dia específico, mas é comemorado mundialmente desde o dia 20 de maio até o fim do mês.

http://www.correiodeuberlandia.com.br/texto/2009/05/22/37547/dia_mundial_do_brincar_em_uberlandi.html

"O Dia Internacional do Brincar será comemorado no último final de semana do mês de maio e reforçará a relevância da brincadeira para o desenvolvimento de uma infância saudável. Brincar é um direito de qualquer criança, assim como a saúde e o bem-estar. Por isso, o Programa CRIANÇA SEGURA na Escola aproveita este momento para conscientizar sobre a importância da prevenção de acidentes em meio a qualquer atividade lúdica"

http://www.criancasegura.org.br/voluntario_conteudo_corpo.asp?id_artigo=891&nome=Programa%20Criança%20Segura%20na%20Escola

terça-feira, 12 de maio de 2009

Brincar é experimentar, arriscar, descobrir e sentir. Brincar é crescer!

Tenho saudades dos meus felizes tempos de infância e das minhas brincadeiras: correr descalça sobre aos campos acabados de lavrar e arar (O meu avô não achava piada nenhuma!), trepar os muros, pendurar-me nas árvores, correr por entre os milheirais, no Verão, à procura dos regos com água, fazer bolos de terra e couve, fazer colares de malmequeres, apanhar lagartixas, pregar partidas, correr por entre os campos cheios de flores e esconder-me , jogar ao espeto, à macaca, ao pião e fazer espectáculos de variedades com o meu irmão e primos. Era capaz de estar aqui mais duas horas, a descrever outras tantas brincadeiras.
Hoje que sou crescida, ainda gosto de brincar, quando às vezes sou atacada por uma momentânea falta de juízo. Mas acho que a vida é mesmo assim. Nunca devemos perder a criança que há em nós, pois é este o lado da vida que nos permite sonhar.
Lamento que em vários locais do Mundo e do nosso país existam crianças que não podem brincar, porque não têm um espaço para tal, porque não têm tempo, porque não se podem sujar, porque não têm saúde, porque não têm liberdade, porque têm que crescer depressa demais…
A todas elas eu desejo que um dia, pelo menos por um simples dia, possam ter a oportunidade de brincar um pouco e serem tão felizes como fui na minha infância. E para quem acha que a felicidade de uma criança depende da aquisição de brinquedos caros e da participação em inúmeras actividades que preenchem todo o seu tempo livre, é porque desconhece o poder ilimitável da sua imaginação.
Eu fui feliz sem playstation, sem televisão, sem computador e sem telemóvel. Bastou-me ter tempo para brincar e sonhar.

Mónica Rocha
Os meninos da turma do 4º ano da Escola EB1/JI do Cerco mandam muitos beijinhos para o bambular. O site é muito divertido porque brincar é importante

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Educaçao Pela Paz

Novo espaço dedicado à Educação pela Pa. Visite:

http://educacaopelapaz.googlepages.com/ed_paz_links32

Como contribuir para vivermos melhor em conjunto: connosco próprios, uns com os outros, com a natureza e com tudo o mais que nos rodeia?
Que contributos pode dar a Escola neste sentido?
E as tecnologias, que na actualidade estão por todo o lado e invadem as nossas vidas e os nossos quotidianos, como nos podem ajudar?

terça-feira, 5 de maio de 2009

Fomos ao Teatro




Serafim e Malaqueco na corte do rei Escama

segunda-feira, 4 de maio de 2009



"Pela sua imaturidade bio-social e dependência dos adultos, as crianças têm, nas nossas cidades, direitos limitados: não podem correr à vontade, gritar, escrever nas paredes, saltar, cantar alto, fazer barulho, pendurar-se nos espaços exteriores, subir às árvores, saltitar, nem sequer esconder-se dos adultos para pensar, quando estes não as entendem. Os lugares de brincadeira e esconderijo, lugares que estimulam a exploração e a transgressão de todo o tipo de limites, possibilitando formas de transformar o mundo, estão em extinção nos grandes centros urbanos. "
M José Araújo


Jogo de setas
Muito divertido, faz rir, soma pontos, salta niveis...


"A ludicidade constitui um traço fundamental das culturas infantis. Brincar não é exclusivo das crianças; é próprio do homem e uma das suas actividades sociais mais significativas. Porém as crianças brincam contínua e abnegadamente. Contrariamente aos adultos, entre brincar e fazer coisas sérias não há distinção, sendo o brincar muito do que as crianças fazem de mais sério"

Manuel Jacinto Sarmento - "As Culturas da Infância nas Encruzilhadas da Segunda Modernidade "


Escrever uma carta

"Embora se constate que muito do brincar se inspira no mundo adulto, é um equívoco supor que se trata de uma mera imitação ou réplica grosseira da vida adulta. Com efeito, o conceito de reprodução interpretativa do mundo e da sociedade adulta pelas crianças, apesar de considerar que nas suas brincadeiras elas podem repescar os temas e representar os papéis e as formas de relação que observam e experimentam no/com o mundo adulto, também enfatiza que elas são selectivas nos modos como os apreendem e interpretam, e expressam a sua diferença nos modos como os desempenham (...)"

Manuela Ferreira - Do "Avesso" do Brincar ou... as relações entre pares, as rotinas da cultura infantil e a construção da(s) ordem(ens) sociai(s) instituinte(s) das Crianças no Jardim de Infância"


Brincar com o cão.




A vida das crianças é hoje um rodopio.
O brinquedo é um objecto que tem uma significação mas que continua a ser um objecto.


O Brinquedo produz uma certa imagem de criança marcada pela maneira como a própria sociedade a percebe.



Cada brinquedo pode ser analisado do ponto de vista de sua significação.
Aspecto material (material, forma, desenho, aspecto cor...) Significação (representação de uma realidade...)

Gilles Brougère - Brinquedo e Cultura

Baloiço

domingo, 3 de maio de 2009

Que estragadito



Tratar dos parques infantis ....

Brincar

Fazer uma coisa que se gosta,
Cantar,
fazer ginástica,
ter PSP,
saltar à corda,
fazer o pino,
jogar às escondidinhas,
jogar futebol,
jogar às caçadinhas,
fazer entrevistas,
falar,
explicar
estar contente,
jogar Nintendo,
Jogar à bola,
conversar,
fazer coisas,
escrever,
brincar com o meu primo,
ler um livro,
fazer perguntas,
jogar à macaca chinesa,
brincar...

Jogar nos espacos exteriores... na rua

É, através do jogo que “podemos abandonar o mundo das nossas necessidades e das nossas técnicas, este mundo egoísta que nos cerca e sufoca e assim criar os nossos «mundos» de utopia” (Chateau).

Brincar na RUA

Entre os condomínios fechados e programados da escola e da casa, a “rua” pode afirmar-se com reforçada positividade, mesmo que tal possa parecer inverosímil para quem nas suas funções pedagógicas não tenha presente na memória esse tipo de referências e imaginário em que os espaços exteriores são domínios inequívocos de crescimento e de aprendizagem – em contextos, portanto, socialmente significativos. Não deveremos ignorar a ligação dos habitantes com as suas cidades, dos munícipes com o seu bairro, uma vez que é lá que vivem, e é ali que são reconhecidos na sua identidade (que ali se constrói, também). No espaço da “rua” se exprimem constantemente múltiplas dimensões da vida que podem ser objecto de apropriação pelas crianças num contexto eminentemente lúdico e convivial.
(...) Quando eu era miúdo jogava pião, a macaca... vínhamos todos brincar para a rua e à roda, à gancheta à sameirinha, etc. Eram grupos espontâneos que se constituíam com os conflitos inerentes a isso. A socialização não era problema... Hoje é tudo muito diferente. É importante, às vezes até é doentio, os pais querem os filhos guardados....

Aos jogos de rua opõem-se as brincadeiras vigiadas e, assim, a um tempo votado ao acaso e à proximidade com o outro através do jogo opõe-se um tempo organizado em espaços vigiados.