terça-feira, 12 de maio de 2009

Brincar é experimentar, arriscar, descobrir e sentir. Brincar é crescer!

Tenho saudades dos meus felizes tempos de infância e das minhas brincadeiras: correr descalça sobre aos campos acabados de lavrar e arar (O meu avô não achava piada nenhuma!), trepar os muros, pendurar-me nas árvores, correr por entre os milheirais, no Verão, à procura dos regos com água, fazer bolos de terra e couve, fazer colares de malmequeres, apanhar lagartixas, pregar partidas, correr por entre os campos cheios de flores e esconder-me , jogar ao espeto, à macaca, ao pião e fazer espectáculos de variedades com o meu irmão e primos. Era capaz de estar aqui mais duas horas, a descrever outras tantas brincadeiras.
Hoje que sou crescida, ainda gosto de brincar, quando às vezes sou atacada por uma momentânea falta de juízo. Mas acho que a vida é mesmo assim. Nunca devemos perder a criança que há em nós, pois é este o lado da vida que nos permite sonhar.
Lamento que em vários locais do Mundo e do nosso país existam crianças que não podem brincar, porque não têm um espaço para tal, porque não têm tempo, porque não se podem sujar, porque não têm saúde, porque não têm liberdade, porque têm que crescer depressa demais…
A todas elas eu desejo que um dia, pelo menos por um simples dia, possam ter a oportunidade de brincar um pouco e serem tão felizes como fui na minha infância. E para quem acha que a felicidade de uma criança depende da aquisição de brinquedos caros e da participação em inúmeras actividades que preenchem todo o seu tempo livre, é porque desconhece o poder ilimitável da sua imaginação.
Eu fui feliz sem playstation, sem televisão, sem computador e sem telemóvel. Bastou-me ter tempo para brincar e sonhar.

Mónica Rocha

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(...) Quando eu era miúdo jogava pião, a macaca... vínhamos todos brincar para a rua e à roda, à gancheta à sameirinha, etc. Eram grupos espontâneos que se constituíam com os conflitos inerentes a isso. A socialização não era problema... Hoje é tudo muito diferente. É importante, às vezes até é doentio, os pais querem os filhos guardados....

Aos jogos de rua opõem-se as brincadeiras vigiadas e, assim, a um tempo votado ao acaso e à proximidade com o outro através do jogo opõe-se um tempo organizado em espaços vigiados.